quinta-feira, 19 de março de 2009

Em defesa da verdade*

Os números do PMDB no Brasil são incontestáveis, até porque são frutos da vontade popular e do processo democrático. Porém, a opção feita pela cúpula nacional desde o primeiro mandato de Fernando Henrique reflete uma posição política caudatária, que deteriorou o principal patrimônio do PMDB após a redemocratização: a clareza ideológica.

O desafio feito pelo presidente Michel Temer em artigo publicado no jornal Zero Hora de 05 de março, para que os contrários à postura vigente no PMDB nacional disputem o comando da sigla demonstra a sensação de onipotência e invencibilidade dos que atualmente o dirigem. Quanto ao “esforço” manifestado pelo mesmo a respeito da candidatura própria à presidência da República sabemos que não corresponde à verdade.

O último candidato apresentado pelo PMDB lançou-se nas eleições gerais de 1994. De lá para cá, preferiu-se assumir a linha fisiológica, abandonando consistente bandeiras em troca de cargos e às custas de uma divisão interna sem precedentes. Lutas lideradas por figuras como Pedro Simon, Itamar Franco, Germano Rigotto, dentre outros, foram preteridas ou sequer apreciadas pela Convenção Nacional do partido.

Se o PMDB é hoje o maior partido do Brasil é porque atinge grandes votações e possui o maior número de eleitos. Esse tamanho não se traduz em altivez política ou programática. Porque somente o Conselho Nacional, composto por 63 integrantes decidiu pela participação no governo Lula? Para esse tipo de decisão não vale a quantidade enorme de prefeitos, vereadores, deputados, senadores e governadores do PMDB?

A necessidade do PMDB apresentar candidato próprio à presidência em 2010 se justifica pela importante construção de uma nova via para o país. Continuaremos como coadjuvantes de um conflito entre os dezesseis anos de Lula e Fernando Henrique? Pela sua história e condições cabe ao PMDB o papel de contribuir como protagonista deste debate.

O PMDB deixou de ser um partido nacional para conviver com uma postura heterogênea focada nos interesses regionais ou da cúpula. O que deveria servir para uma alteração de conteúdo no PMDB parece ter atiçado ainda mais a ira dos que vêem seus interesses fisiológicos contrariados por manifestações de vanguarda que repudiam a conduta predominante no partido.

*André Carús
2° Tesoureiro do PMDB/RS – Membro da Executiva Estadual
Bacharel em Direito
Contato:
E-mail/Msn: decocarus@yahoo.com.br / andrecarus@hotmail.com
Orkut: André Carús

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